Estudo sobre o impacto do uso de fluorquinolonas para tratamento de ITU na resistencia antimicrobiana

Uma coorte prospectiva, realizada na Bélgica, Polonia e Suiça, entre Janeiro de 2011 e Agosto de 2013, analisou o impacto do uso de fluorquinolonas na resistência antimicrobiana.

Eles acompanharam os antibióticos prescritos na assistência básica para tratamento de infeccoes do trato urinário (ITU) e seu impacto na colonização intestinal dos pacientes e seus contactantes domiciliares por Enterobacteriaceae resistentes a ciprofloxacino e produtoras de ESBL.

Foram selecionados para o estudo aqueles pacientes com diagnostico de ITU ou bacteriuria assintomática (BA) que recebiam antibióticos (considerados expostos), aqueles pacientes que nao recebiam antibióticos (nao expostos), e cerca de um a tres contactantes domiciliares por paciente.

Amostras de fezes eram analisadas no momento inicial (S1), ao final do curso de antibióticos (S2), e 28 dias após (S3) quanto a presença de Enterobacteriaceae, assim como a presença de resistência a ciprofloxacino, nitrofurantoina, ou de Enterobacteriaceae produtoras de ESBL.

Foram analisadas 300 domicílios (205 expostos e 95 nao expostos), com um total de 716 participantes. A maioria dos pacientes que fizeram uso de antibiótico utilizaram nitrofurantoina (86; 42%) ou fluorquinolonas (76; 37%).

O uso de nitrofurantoinas nao teve impacto na resistência a sua própria classe nem na resistência a ciprofloxacino (aPR (razao de prevalência ajustada) 1.0, 95% CI 0.5–1.8). Ja a resistência a ciprofloxacino foi identificada em 16% (328/2033) das amostras de 202 (28%) participantes.

O tratamento com fluorquinolonas causou a supressão transiente de Enterobacteriaceae (S2) com subsequente aumento em duas vezes na prevalência de resistência a ciprofloxacino na terceira amostra (S3) coletada (aPR 2,0, 95% CI 1,2–3,4). O estudo calculou um numero necessário para prejudicar de 12, ou seja, a cada 12 pacientes tratados um apresentava resistência.

Enterobacteriaceae produtoras de ESBL foram identificadas em 5% (107/2058) das amostras de 71 (10%) participantes, sem relação entre a colonização por esse tipo de patogeno e a exposição a antimicrobianos.

Exposição domiciliar a Enterobacteriaceae resistentes a ciprofloxacino ou produtoras de ESBL aumentava o risco desse individuo de colonização (aPR 1,8 (95% CI 1,3–2,5) e 3,4 (95% CI 1,3–9,0), respectivamente.

Ou seja, esse estudo vem corroborar a importância em se evitar o uso indiscriminado de ciprofloxacino como terapia de escolha no tratamento de ITU comunitária.

Link para o artigo: http://www.clinicalmicrobiologyandinfection.com/article/S1198-743X(18)30031-4/fulltext

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